Inovações em Tomografia e Ressonância: o que vem por aí na imagem cardiovascular
- DIC
- 30 de jun.
- 2 min de leitura
Atualizado: 1 de jul.
Maria Júlia Souto, cardiologista e especialista em imagem cardiovascular, bateu um papo com o Prof. Dr. Carlos Rochitte — professor livre-docente do InCor/FMUSP, coordenador do Serviço de TC e RM do HCor e presidente da SCMR — sobre as inovações tecnológicas que estão transformando o mundo da angiotomografia e da ressonância magnética cardíaca.
Se a imagem cardiovascular já ocupava papel central no diagnóstico e prognóstico das doenças cardíacas, agora ela está prestes a dar mais um salto. Segundo Rochitte, vivemos uma era de ouro na ressonância e na tomografia, em que a inteligência artificial, o avanço de hardware e os métodos quantitativos se combinam para transformar radicalmente a prática clínica.
Na ressonância magnética, o grande destaque é a perfusão miocárdica quantitativa — um método que permite calcular o fluxo em ml/min/g de tecido, gerando mapas objetivos da perfusão miocárdica e possibilitando o cálculo da reserva de fluxo coronariano (CFR). Isso representa um avanço não só técnico, mas também clínico: além de melhorar a acurácia diagnóstica, abre uma nova fronteira para o diagnóstico da doença microvascular, especialmente em mulheres com angina e coronárias aparentemente normais.
Outro campo em plena revolução é o da inteligência artificial aplicada à RM. Com algoritmos cada vez mais robustos, já é possível acelerar a aquisição de imagens, reconstruí-las com mais qualidade e até identificar fibrose miocárdica sem uso de contraste, por meio de técnicas avançadas de difusão. O cenário é promissor: em breve, exames completos poderão ser realizados em menos de 10 minutos, com função, volumes e mapeamento tecidual incluídos.
E tem mais. A chegada de máquinas de baixo campo (0,5T e até 0,05T), compactas, sem necessidade de hélio e com baixo custo operacional, promete democratizar o acesso à RM cardíaca. Essa tecnologia pode colocar a ressonância ao lado do consultório, mudando a lógica de acesso e desfechos em cardiologia.
Na tomografia, o destaque vai para a tecnologia Photon-Counting CT — um tipo de TC com altíssima resolução, menor dose de radiação e maior capacidade de caracterizar placas coronarianas. Diferente da RM, que avança pela via acadêmica, a tomografia é impulsionada pela indústria, mas já traz aplicações práticas e imediatas para o dia a dia do cardiologista.
E para quem quer sair na frente, vale o convite: de 4 a 7 de fevereiro de 2026, o Brasil será palco de um evento histórico — o Congresso da Society for Cardiovascular Magnetic Resonance (SCMR) acontecerá pela primeira vez fora dos EUA e Europa, no Rio de Janeiro. Serão mais de 2.000 participantes do mundo todo, incluindo os maiores nomes da imagem cardiovascular, trilhas específicas para clínicos e ecocardiografistas, apresentação de trabalhos e muito networking.

Entrevistadora/Autora do texto: Dra. Maria Júlia Silveira Souto - Cardiologista e Especialista em Imagem Cardiovascular pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia
- Mestrado em Ciências da Saúde IDPC/USP
- Equipe de imagem cardiovascular do Hospital São Lucas/Rede D’Or (Aracaju-SE)

Entrevistado:
Dr. Carlos Eduardo Rochitte - Diretor Médico da Comissão Científica do InCor/HC-FMUSP.
- Coordenador Acadêmico do Estágio de RM e TC Cardiovascular do INCOR HC FMUSP
- Presidente da Sociedade Internacional de Ressonância Cardíaca (SCMR)
- Editor-chefe do ABC Cardiol - Arquivos Brasileiros de Cardiologia