Os processos etiológicos de dor crônica são sempre de origem multifatorial. Sem perder de vista esta perspectiva, podemos isolar alguns fatores comuns da dor. O fator trabalho, por vezes, tem algumas características agravantes que contribuem para a perpetuação do estímulo álgico e devem ser identificadas para serem minimizadas; tais como rápido ritmo de execução de tarefas, movimentos padronizados repetitivos, estresse, tempo de recuperação insuficiente, posturas desconfortáveis, sobrecarga articular, esforço manual, baixa temperatura ambiente, excesso de luz de telas, iluminação artificial.
Estresse e dor têm mecanismos de processamento encefálico em áreas comuns e, portanto, estão intimamente interligados. O sistema límbico quando sobrecarregado contribui para um estado de baixa percepção corporal com ativação de vias adrenérgicas que dificultam a ação das vias analgésicas serotoninérgicas e de liberação de endorfinas e encefalinas. O estado de tensão emocional é fator agravante de síndromes miofasciais, sendo comum a síndrome miofascial em fibras superiores do trapézio; que pode se perpetuar e contribuir para estruturação de posturas de anteropulsão cervical e capital descrita por Janda em 1988.
Uma excessiva lordose cervical com deslocamento do eixo anterior de sustentação da cabeça e pescoço agrava a sobrecarga da cintura escapular provocando um ciclo vicioso de contraturas musculares e encurtamentos nas fibras superiores do trapézio, peitoral maior, escalenos e esternocleidemastóideos, bem como enfraquecimentos nas fibras inferiores do trapézio, rotadores externos do ombro e rombóides. Esta mudança estrutural afeta diversas cadeias musculares e contribui para agravar problemas tais como representados na figura abaixo.
É necessário a realização de medidas preventivas cotidianas essenciais como as descritas na figura abaixo.
Programa de Ginástica Laboral para Ecocardiografistas
Escolha um local tranquilo num tempo de intervalo ou pausa no trabalho para executar este programa
Ao realizar alongamentos, conjugue o movimento com a expiração
Ao realizar exercícios com carga (fortalecimento) conjugue o movimento com a inspiração
Feche levemente os olhos e faça uma compressão com os dedos sobre a superfície óssea das órbitas. Não pressione os olhos. A pressão deverá ser exclusivamente nas órbitas no tempo de expiração. Aumente o relaxamento deixando a boca semi-aberta e a língua discretamente para fora. Esta atividade irá contribuir para deixá-lo mais confortável ativando o estado de relaxamento
Pegue o pescoço na região posterior, como se pega um gato e tracione na expiração
Faça movimentos para frente e para trás com uma leve resistência de uma das mãos nos tempos inspiratório e expiratório.
Execute o exercício SIM, NÃO TALVEZ no tempo expiratório realizando alongamentos e no tempo inspiratório com leve resistência de uma das mãos. Não realize a extensão completa do pescoço ao realizar o movimento SIM
Com uma das mãos sobre a cabeça, tracione a mesma em diferentes direções no tempo expiratório para alongamento do trapézio
Faça o alongamento dos peitorais com auxílio de um canto ou uma porta com braço de alavanca curto e longo no tempo expiratório
Com os cotovelos juntos ao tronco realize o movimento de rotação externa conjugados com a inspiração com carga progressiva, se disponível, utilize uma faixa de theraband de resistência leve ou moderada, de acordo com tolerância.
Realize retração das escápulas em tempo inspiratório.
Realize o alongamento dos punhos, mãos e dedos em tempo expiratório na posição dorsal e palmar. Não esqueça de realizar o alongamento em todos os dedos, inclusive nos polegares.
Em posição de prece, com os cotovelos apoiados sobre uma superfície fixa como uma mesa, execute o alongamento dos punhos mais uma vez em tempo expiratório.
Dr. Gabriel Soares Feydit Vieira é fisiatra e termologista e trabalha na Rede Sarah de Reabilitação em Belo Horizonte MG há mais de 20 anos. Médico formado pela UFRJ em 1998; Fez residência médica em Medicina Física e Reabiliação – Fisiatria no HUCFF UFRJ 2002; Pós graduação (lato senso) em Medicina do Trabalho IESC UFRJ 2001; Pós graduação (lato senso) em Dor Hospital Sírio Libanês São Paulo 2008; Pós graduação (lato senso) em Intervencionismo em Dor Hospital Sírio Libanês São Paulo 2018; Pós graduação (lato senso) em Termologia Clínica (ABRATERM) 2021-2; Membro Titular da ABRATERM 2022; Trabalha na Clínica Médica na Rede Sarah – Unidade Belo Horizonte desde 2005.
Imagens retiradas da Internet e do Artigo
Ho, E., Tran, J., Fateri, C., Sahagian, C., Sarton, K., Glavis-Bloom, J., & Houshyar, R. (2024). Work-Related Musculoskeletal Disorders Affecting Diagnostic Radiologists and Prophylactic Physical Therapy Regimen. Current Problems in Diagnostic Radiology.
Comentarios